Era um daqueles fins de tarde de verão em que o tempo parece abrandar e o céu, tingido de âmbar e púrpura, anuncia uma beleza que não se explica – apenas se sente. Sentado na varanda, envolvido pela quietude morna do entardecer, comecei a ouvir, ao longe, o som de um violino. Não era um som qualquer: havia nele uma melancolia antiga, como se o próprio dia tocasse para si uma despedida serena. As notas flutuavam sobre os telhados com uma leveza quase mágica, entrelaçando-se com o canto dos grilos – a banda sonora das noites de verão – e com o sussurro suave da brisa. Tudo encaixava: o som e o silêncio, o calor e a nostalgia, a solidão e a presença de algo maior. Havia no ar uma harmonia invisível. Um equilíbrio subtil. Um sentimento de que, ainda que por instantes, tudo poderia fazer sentido. Lembrei-me então do filme Um Violino no Telhado e da sua descrição: “Uma história universal sobre esperança, amor e aceitação.” Palavras que ganham profundidade à medida que os anos passam. ...