Foto de Mark Dumbleton, 2008 Certo dia, ocorreu-me resumir: “Os filhos, para os pais, são sempre crianças; os pais, para os filhos, são eternos.” De facto, custa-me processar o envelhecimento dos meus pais. Já eles continuam a apresentar-me como “a minha mais nova” – e, invariavelmente, a minha irmã como a “mais velha” deles. O destino assim quis. Algo semelhante sucede com o Pedro, que ainda ouve o pai interpelá-lo com um: “Ó rapaz...”. Eis-nos crianças nos braços da eternidade. Nunca encarei a maternidade como um desígnio. Mas, ao primeiro som da minha filha, tive uma certeza imediata: “Ela é minha, e eu estou aqui para a proteger.” Nunca compreendi a parentalidade quando ma tentaram explicar. Não tento explica-la aos outros. A mudança é profunda e misteriosa. Não me lembro da minha vida antes dela e, por mais difícil que se torne (e torna!), por mais desafios que imponha (e são muitos…), nunca houve um instante de arrependimento – nem sequer de ressentimento. Ela é minha, e sei, d...